08 setembro 2022

Campanha travestida de ato cívico: Bolsonaro seguiu cartilha de Bannon e conseguiu o que queria no 7 de setembro

Em fevereiro de 2018, numa entrevista ao jornalista americano Michael Lewis, o guru da extrema-direita Steve Bannon explicitou, com surpreendente sinceridade, sua estratégia para multiplicar a mensagem do trumpismo: “Os democratas não importam”, disse Bannon. “A oposição real é a mídia. E a forma de lidar com eles é inundá-los com nossas merdas”. A finalidade dessa tática, segundo outra frase de Bannon que ficou famosa, nunca é esclarecer ou impor a verdade: “Não se trata de persuadir, e sim de desorientar”. O que se viu neste 7 de Setembro foi a execução perfeita do método Bannon por Jair Bolsonaro, num momento crítico da campanha eleitoral. Desde que começou a planejar a comemoração oficial dos 200 anos da Independência e os atos no Rio e em Brasília, o presidente sabia que precisaria deles para demonstrar força. Também sabia que teria de dominar a atenção do país durante todo o dia para que seus atos não fossem vistos como um fracasso na comparação com os do ano passado, quando ele colocou o Brasil em suspenso com a ameaça golpista mais descarada que já se viu após a redemocratização.


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