09 junho 2022

Porto Alegre: Filas por comida crescem, mas nem todos conseguem doações

Ketlyn Carvalho do Nascimento ficou desempregada logo antes da pandemia. A moradora de 28 anos do bairro Mário Quintana, em Porto Alegre, passou a sustentar ela e o filho Murilo, de oito anos, com ajuda de doações que conseguia na comunidade. Pagava, sozinha, água, luz e aluguel. Ela conta que não tinha saída. “Muitas vezes, eu deixava de comer para dar para o meu filho, foi o pior momento da minha vida”, desabafa. Ela não conseguiu arcar com os custos e precisou voltar a morar com os pais e outros cinco irmãos. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no final do ano passado mostram que, em 2020, quase 51 milhões de pessoas viveram abaixo da linha da pobreza, o que representa praticamente um a cada quatro brasileiros. Essa fatia de 24,1% da população viveu com menos de R$ 450 por mês no primeiro ano da pandemia. Em meio a essa realidade, outro indicador não dá trégua: a inflação. O aumento nos preços de serviços e produtos é medido pelo próprio IBGE por alguns parâmetros, sendo que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é considerado o oficial pelo governo federal. O IPCA calcula a variação do custo de vida médio de famílias com renda de um à 40 salários mínimos por mês, e pode ser medido mensal ou anualmente. Em abril de 2022, a inflação teve alta de 1,06% em relação a março, o pior índice para o mês desde 1996. O IPCA acumulado dos últimos 12 meses ultrapassou a marca de 12%. Tudo isso é sentido na pele pelos consumidores, em especial os mais pobres. Ketlyn comenta que no auge da pandemia teve depressão: “eu tinha que ter forças, porque eu tinha uma criança que dependia de mim, só que o desemprego estava cada vez maior. Eram pessoas perdendo o emprego e perdendo a vida, foi um impacto muito grande”. Não demorou muito para ela perceber o aumento significativo nos preços dos produtos para crianças, desde roupas e brinquedos até os próprios alimentos.


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