25 março 2022

Medidas à la Jair: Ações 'pró-pobre' de Bolsonaro armam bomba-relógio para 2023

As medidas do governo Jair Bolsonaro para a camada mais pobre da população surtiram efeito e o presidente reduziu em oito pontos (de 40 para 32) sua desvantagem em relação a Luiz Inácio Lula da Silva no maior grupo de eleitores: os que ganham até dois salários mínimos e que representam 53% do eleitorado na amostra do Datafolha. Embora a pesquisa Datafolha atual não seja diretamente comparável ao levantamento feito em dezembro por conter cenários diferentes (em que foram retirados alguns nomes na disputa e acrescentados outros, todos com pontuações quase irrelevantes), ela sinaliza como o eleitor mais pobre se comporta. Entre as ações já adotadas pelo governo Bolsonaro ou em curso, o Auxílio Brasil é a mais potente. São quase R$ 90 bilhões distribuídos no ano eleitoral a 18 milhões de pessoas vulneráveis e que estão entre as que ganham até dois salários mínimos (R$ 2.424). Elas receberão R$ 400 mensalmente até dois meses após o segundo turno, quando o valor deve cair à metade - uma novidade em se tratando de programa de complementação de renda e que nunca foi adotada no Bolsa Família. Para Silvia Matos, coordenadora do boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, essas medidas tendem a gerar uma "ressaca" em 2023, com mais pressão sobre as contas públicas e a inflação futura. Pois, quando a tributação voltar, ela será reincorporada aos preços.


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