20 setembro 2021

Quebra de autonomia: Com reitores escolhidos por Bolsonaro, cresce tensão política nas universidades

O que começou com ataques de integrantes do governo se transformou em um cenário de crise em parte das universidades federais. Após dois anos e meio de Jair Bolsonaro na Presidência, 18 dos 50 (36%) reitores escolhidos desde 2019 não foram os mais votados nas eleições internas e a maioria desse grupo está alinhada ao governo. Em 1998, a nomeação de apenas um reitor sem ser o 1.º da lista desencadeou uma onda de protestos - até então, este era o único caso recente. Os relatos hoje são de comunidades universitárias rachadas, decisões sem consulta a colegiados, paralisia administrativa e no preparo da volta presencial. Há ainda queixas de perseguição a professores e alunos - e até uma espécie de processo de impeachment contra um reitor. Embora financiadas pelo Ministério da Educação (MEC), a lei dá autonomia às federais para eleger seus reitores. A lista com os três nomes mais votados no conselho universitário - formado por uma maioria de professores, além de técnicos e alunos - é enviada ao presidente, que escolhe um deles. Não há irregularidade em escolher o 2.º ou o 3.º, mas especialistas veem como uma desvalorização da autonomia universitária, além do potencial de elevar conflitos internos. A garantia de autonomia está associada à lógica da liberdade de cátedra e de pesquisas sem cerceamento político ou ideológico.


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