19 setembro 2021

Botijão de gás vira artigo de luxo: Uso de lenha no país supera o de GLP

A vida para a catadora de lixo Jane Cristina dos Santos, de 50 anos, nunca foi fácil. Mas desde o início da pandemia, as coisas pioraram. O marido, Alex Sandro Rocha, de 48, teve problemas no coração e no pulmão, tendo que parar de trabalhar. Além disso, com mais gente sobrevivendo dos recicláveis, a renda minguou. Sua casa, na comunidade Para-Pedro, em Colégio, na Zona Norte do Rio, tem as paredes feitas de madeira, e o teto, de telhas quebradas. Todos os móveis foram recebidos por doação, inclusive o fogão a gás, que fica ao lado do vaso sanitário. Jane logo avisa que não é ali que faz a comida do dia a dia. Quando precisa cozinhar feijão, arroz e o que mais tiver para comer, utiliza um fogão a lenha improvisado na área externa, o qual também divide com vizinhos que não têm dinheiro para o botijão. Com preço de R$ 105 por lá, o gás virou artigo de luxo. Está presente nas casas, porém só é usado em dias de chuva ou em preparos rápidos, como para fazer um café. No Brasil, o número de residências usando lenha para cozinhar já supera o uso de gás. Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que o uso dessa matriz de energia começou a aumentar em 2014, mas só ultrapassou o GLP em 2018. No ano passado, 26,1% dos brasileiros usavam lenha contra 24,4% que usavam o botijão. A diferença pode aumentar ainda mais. Desde janeiro, o preço médio do botijão de gás subiu quase 30%, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o que equivale a cinco vezes a inflação acumulada no período.


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