"Morremos de morte igual, mesma morte Severina. Que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia". João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina.
No Brasil de hoje, todos nós morremos
um pouco a cada dia. A morte se apresenta não somente quando é a morte morrida,
que nós fomos treinados para sofrer e resistir. Ela sempre foi sofrida e
dolorida, mas, em regra, havia o direito a um rito de despedida que fazia a dor
ir se ajeitando para que a gente não morresse junto. A morte sempre foi
tratada com a dignidade que acompanha o mistério, o desconhecido, o medo. E,
salvo nos desastres, cada um encontrava um jeito de conviver com a inevitável e
inexplicável dor da perda. Mas era um direito do cidadão sentir a dor, até para
respeitá-la. Até isso o governo que cultua a morte tem negado ao brasileiro. Num
dia em que se registram 4195 mortos, um óbito a cada 20 segundos, totalizando 336.947
mortes, o país já é responsável pelo maior número de mortos entre todos os
países, representando mais de 1/3 do total no mundo. E, sem medo de errar, é
necessário apontar a responsabilidade direta do Presidente da República por boa
parte das mortes. É inegável que, no meio da catástrofe da crise sanitária
internacional, teríamos muitos mortos. Mas, essa é uma visão isenta, técnica,
jurídica e de especialistas da área de saúde. A condução da crise por esse
presidente fascista, irracional e genocida é responsável pelo número excessivo
de óbitos.
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