O início da Cúpula de Líderes sobre o Clima, nesta quinta (22)
será a primeira vez em que Jair Bolsonaro encontrará, mesmo que virtualmente,
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos. Ele poderia, portanto, aproveitar a
ocasião e repetir o que disse, em novembro passado, quando ameaçou mostrar sua
"pólvora" para o norte-americano. "Assistimos há pouco a um
grande candidato à chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da
Amazônia, levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos
fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto [Araújo,
demitido por fazer muita porcaria]? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora,
senão não funciona", disse o presidente em uma ameaça que causou vergonha
alheia transnacional. Biden havia afirmado, em um debate eleitoral com Donald
Trump, que o Brasil poderia sofrer consequências econômicas significativas caso
não parasse de destruir a floresta. O que nem era uma previsão, mas uma
constatação, uma vez fundos de investimento já estavam tirando dinheiro do país
por conta do nível da destruição. O mais irônico é que essa retórica do
presidente não sobrevive a uma análise do seu próprio histórico. Verás que um
filho teu não foge à luta? Difícil acreditar que o verso do Hino Nacional se
aplique a ele se até de debate eleitoral fugiu, mesmo com os médicos garantindo
que tinha condições de participar no segundo turno de 2018. O cenário de
fantasia narrado pelo presidente brasileiro está construído sobre uma montanha
de cinzas de árvores e de fuligem que cai do céu das cidades trazida da
Amazônia pelo vento. Mesmo por teleconferência, não tem como Bolsonaro não
cheirar queimado.
(Trechos extraídos de Leonardo Sakamoto/UOL)
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