Bolsonaro substituiu Onyx Lorenzoni pelo general Braga Netto na
Casa Civil. Enfim, o que já se noticiava, o enfraquecimento de Onyx, se
confirmou. Agora, outro militar, almirante Flávio Rocha, assume a Secretaria
Especial de Assuntos Estratégicos. A nomeação de Rocha pode ser entendida como
busca de racionalidade em detrimento da ala ideológica e olavista do governo. A
questão é que no tabuleiro da política há poucos políticos e uma saturação de
militares estrategistas, e tal situação pode dificultar o já combalido diálogo
com o Congresso. Há que se destacar que aliados civis, como Gustavo Bebianno ou
Joice Hasselmann, foram defenestrados e se tornaram "potes de
mágoas". Sabidamente, pela origem e discurso, o presidente sente-se à
vontade com a ala militar, além, obviamente, do núcleo familiar. A Previdência
foi aprovada sem muito empenho do Executivo. Todavia, na agenda se encontram
outras importantes reformas que dependerão de diálogo e negociação, ou seja, de
política para serem transitadas no Legislativo. Com um discurso, quase sempre,
belicoso, Bolsonaro desprezou parlamentares, restando, assim, militares e
familiares. Um rompimento com os militares poderia levar o governo à uma crise
cujo desfecho é imprevisível. Maquiavel, em O
Príncipe,
aduziu que "para o príncipe não é de pouca importância saber escolher os
seus ministros, os quais bons ou não conforme a sabedoria de que ele usou na
escolha".
(Rodrigo Augusto Prando – Professor do Mackenzie e doutor em sociologia)
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