É comum
encarar as eleições municipais como um teste para as forças políticas,
verificando a adesão popular à situação ou oposição. Em 2016, por exemplo, os
resultados catastróficos dos partidos de esquerda na corrida para as
prefeituras, influenciados pelo processo de impeachment, já apontavam para a
grande derrota sofrida para os cargos do executivo dois anos depois.
O
presidente Jair Bolsonaro terá dificuldade em garantir prefeituras importantes
para nomes alinhados politicamente com ele. Além da popularidade baixa para o
primeiro ano de mandato (30%, uma das piores entre os presidentes desde a
abertura democrática), Bolsonaro precisa correr contra o tempo para conseguir
registrar o seu partido recém-fundado, o Aliança pelo Brasil. Não deve
conseguir. Portanto, precisará contar com nomes abrigados em outras legendas. O
ex-presidente Lula também deve ter dificuldades para voltar a fortalecer o PT.
Para isso, tem insistido que seu partido lance candidatos próprios. Mas com
isso afasta ainda mais as legendas de esquerda que estão cansadas de viver — e
perecer — à sombra do seu partido. Os extremos não vão ter um caminho
tranquilo. Candidatos abertamente alinhados a Bolsonaro ou Lula não terão vida
fácil. O pleito vai definir até onde o radicalismo pode se manter no País.
Na
cidade de São Paulo, os obstáculos do presidente estão bem representados. A
eleição na capital paulista é crucial pela importância política da cidade, que
representa o terceiro maior orçamento do País. O governador João Doria aposta
na reeleição de Bruno Covas, que ganhou mais simpatia do eleitorado depois da
revelação de sua doença. Doria gostaria de vê-lo na cabeça de chapa, tendo como
vice a deputada federal Joice Hasselmann (PSL), sua amiga. Mas ela rechaça essa
articulação, por enquanto. Se antes o PSL tinha chances reais de vitória com
ela, o racha no partido e a consequente perda do apoio de Bolsonaro diminuíram
as suas chances. Uma das mais recentes pesquisas, divulgada pela XP/Ipespe,
aponta que o apresentador de TV José Luiz Datena, cortejado por vários
partidos, está na frente com 22% das intenções de voto. Ele é o nome que mais
agradaria Bolsonaro.
No campo
da esquerda, há poucos nomes expressivos. O PT até considerou não lançar
candidatos na cidade devido à baixa expectativa de vitória, já que o
ex-prefeito Fernando Haddad não estaria disposto a disputar uma terceira
eleição em seis anos. Há movimentações para a refiliação da ex-prefeita Marta
Suplicy, que teria a simpatia de Lula, mas ela encontra resistências dentro da
legenda por ter apoiado o impeachment de Dilma Rousseff.
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