01 setembro 2019

DE SUPERMINISTRO A FANTOCHE: Moro perde força no governo


Quando Jair Bolsonaro estava compondo o seu ministério, uma escolha foi anunciada como um golaço: a escalação do juiz Sergio Moro como seu ministro da Justiça, justamente o homem que sintetizava a luta contra a corrupção, uma das bandeiras do presidente. Alguns meses depois, a situação mudou da água para o vinho. O presidente passou a interferir em nomeações feitas por Moro e chegou a dizer que quem mandava na Polícia Federal, por exemplo, era ele e não o ministro. A relação azedou e nos bastidores chegou-se a comentar que Moro estava por um fio: ou seria demitido por Bolsonaro ou o próprio Moro pegaria o chapéu e iria embora. Passados os piores momentos, os dois discutiram a relação e resolveram dar um tempo na troca de farpas. Chegaram à conclusão que a saída não era boa para nenhum dos dois lados. Moro continua alimentando o sonho de uma vaga no STF, razão pela qual precisa continuar o trabalho no Governo, e Bolsonaro chegou à conclusão de que simplesmente não poderia abrir mão do ministro mais popular de seu governo. O Datafolha aponta que 52% da população considera sua atuação como ótima ou boa. Se em 2018, ainda na época da transição do governo, Bolsonaro dizia que o ministro teria “carta branca”, agora o presidente demonstra que a autonomia de Moro tem limites. As interferências no trabalho do ex-juiz vieram principalmente nas áreas de combate à corrupção, para as quais Moro nomeou seus homens de confiança na Lava Jato. A principal delas foi na Polícia Federal. Bolsonaro estava inconformado com a atuação do superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, por entender que ele se imiscuiu na investigação sobre os negócios escusos de seu filho Flávio, sobretudo nos tempos em que foi deputado estadual fluminense.
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