Emagrecer rápido: essa é a promessa da
dieta low carb, que reduz, significativamente, o consumo de carboidrato.
Existem inúmeros perfis em redes sociais de pessoas que são adeptas do estilo
de vida. O objetivo é compartilhar experiências de sucesso no emagrecimento e
dividir receitas, já que é um desafio compor um cardápio sem o macronutriente.
A nutróloga Ana Luísa Vilela ressalta que a maior parte da
alimentação que existe contém carboidrato. "Não há nada de ruim diminuir
um pouco do consumo do carboidrato, visto que quase 60% da nossa alimentação
tem carboidrato. Então, acabar com o carboidrato é praticamente impossível. Por
outro lado, tudo em excesso é ruim, não só os carboidratos", ressalta.
O médico José Carlos Souto, presidente da Associação Brasileira
Low Carb, explica como funciona a dieta. "Ela é caracterizada pelo consumo
de comida de verdade - alimentos ricos do ponto de vista nutricional - com
prioridade para vegetais de baixo amido, carnes (boi, porco, peixe, frango),
frutas menos doces, oleaginosas, derivados do leite, gorduras boas. Evita-se ao
máximo o consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados", diz.
A maior parte dos especialistas defende que é preciso equilibrar
as fontes de energia a serem consumidas para quem quer perder peso. Diminuir
carboidrato na alimentação é válido, mas é preciso balancear com outros
nutrientes. Os adeptos do estilo de vida normalmente compensam com aumento do
consumo de proteína e gordura.
Consequências
Se tudo que é exagerado pode fazer mal, a ausência do
macronutriente causa prejuízos à saúde? "Tem pesquisas que mostram que o
baixo consumo de carboidrato pode ser maléfico, mas para algumas pessoas,
diabéticos e hipertensos que têm muito problema com obesidade, pode ser
necessário. O baixo consumo pode variar entre 40 e 60% da alimentação normal.
Por isso que é preciso dosar a dieta para cada um", aconselha a nutróloga.
O endocrinologista Rodrigo Bomeny de Paulo acrescenta que
pessoas com diabete tipo 2, que apresentam diminuição da produção de insulina,
devem comer menos carboidrato: "Isso possibilita uma melhora do controle
glicêmico e uma diminuição do uso de medicamentos. Sabemos que no último ano,
por exemplo, o gasto apenas com o tratamento medicamentoso da diabete nos
Estados Unidos ultrapassa US$ 30 bilhões. Não é apenas uma questão de melhora
do controle da diabete, mas de reduzir custos e poupar recursos em um sistema
de saúde já limitado em termos de recursos financeiros", avalia.
De acordo com o especialista, hormônios, como os produzidos pela
tireoide, podem ser influenciados pela dieta low carb. "Mesmo quando a
adesão à estratégia low carb não leva a perda de peso, esse tipo de dieta
mostra-se associada a níveis mais baixos do hormônio T3 no sangue. Essa redução
do T3 pode ser considerada uma evidência de que a restrição de carboidratos
prejudica a função da tireoide. Mas a diminuição desse hormônio pode residir no
fato que ele também é utilizado para metabolizar a glicose no sangue",
afirma de Paulo.
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