Em seu
Facebook, Bolsonaro anunciou que o ministro da Educação, Abraham Weintraub,
estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia, mas
que alunos já matriculados não serão afetados. O objetivo, disse, é focar em
áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia
e medicina.
Ainda segundo
ele, a função do governo “é respeitar o dinheiro do pagador de impostos,
ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício
que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a
sociedade em sua volta”.
Em outras
palavras: ele não reconhece a importância de disciplinas como sociologia e
filosofia para pensar saídas ao país. Parece ótimo para quem quer se comunicar
diretamente com a plateia - sem a mediação de professores, jornalistas e áreas
do conhecimento que ajudem a lançar visões críticas sobre a fala oficial,
inclusive históricas.
O ataque,
segundo o filósofo e ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, revela que
ele não sabe o que é o conhecimento. Segundo ele,
Bolsonaro confunde o útil com o utilitário, que é o útil a curtíssimo prazo e
que pode custar caro a longo.
“Para aumentar
o PIB, as engenharias são fundamentais. Por isso mesmo, na CAPES como no MEC,
eu as prestigiei sempre. Mas a Sociologia é decisiva para se entender como
funciona a sociedade. E dá para viver em sociedade ignorando como ela funciona?
É como propor guiar carro sem ter a menor noção de como ele se movimenta”, diz.
Ainda segundo
Janine Ribeiro, a Sociologia dá particular ênfase à desigualdade social - e,
quanto maior a desigualdade, mais pobre e atrasado o país. “Olhem a dimensão da
miséria e dos males que ela acarreta (doenças, vida curta, baixa produtividade)
e me digam se ela, a desigualdade, é mais frequente nos países ricos ou nos que
estão no final da linha econômica e social”.
Sobre a
Filosofia, o ex-ministro lembra que ela lida com o pensamento. “Fazem parte
dela a teoria do conhecimento, a epistemologia. Ela dialoga, portanto, com as
ciências. Ora, as ciências não são decisivas para o desenvolvimento econômico?
Alguém imagina melhorar as engenharias e as medicinas sem pesquisa científica?
e sem a discussão filosófica do que é o conhecimento?”, questionou.
(Por Matheus Pichonelli)
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