O juiz federal Sérgio Moro acatou nesta terça-feira a denúncia
da força-tarefa da Operação Lava Jato que acusa o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) por corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Sendo
assim, Lula vira réu no processo que tramita na Justiça Federal do
Paraná. No despacho, Moro destaca que não houve um exame aprofundado das
provas, o que só será viável após instrução e exercício do direito de defesa.
"Tais fatos e provas são suficientes para a admissibilidade da denúncia e
sem prejuízo do contraditório e ampla discussão, durante o processo judicial,
no qual os acusados, inclusive o ex-presidente, terão todas as oportunidades de
defesa." Segundo a denúncia, Lula teria recebido repasses de recursos, no
valor de R$ 3,7 milhões, da empreiteira OAS por meio da compra, da reforma e da
decoração do tríplex no Guarujá, no litoral de São Paulo, e de um contrato de
armazenamento de bens pessoais. O contrato falso foi firmado pela OAS, como se
o acervo fosse dela e não do petista. Além do petista, sua mulher, Marisa
Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o ex-presidente da OAS
Léo Pinheiro e quatro funcionários da empreiteira também viraram réus. Essa
é a segunda vez que Lula vira réu; em julho, o ex-presidente foi acusado de
tentativa de obstrução de Justiça ao tentar comprar o silêncio do
ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, um dos delatores da operação. Em nota,
os advogados de Lula se manifestaram logo após Sérgio Moro proferir sua
decisão. Citando o que chamaram de “histórico de perseguição e violação às
garantias fundamentais”, os advogados afirmam não ter ficado surpresos com a
decisão do juiz federal.
(Band)