Dentro do espaço, um amontoado de
pertences: uma cama de casal, roupas guardadas em caixas de papelão, um fogão. Simone
e sua família fazem parte do grupo de 120 pessoas que dividem uma área debaixo
do viaduto Guadalajara, na região central de São Paulo. Ela diz estar entre as
vítimas da crise econômica que atingiu o país nos últimos tempos. Até três
meses atrás, era inquilina de uma casa na rua do Hipódromo, perto dali, mas não
conseguiu arcar mais com os R$ 600 reais mensais de aluguel. Desempregada, a
mãe de Derik Augusto, de 1 ano e 2 meses, viu como única solução voltar às ruas
da maior cidade do país. "Já tinha morado na rua por cinco anos, até 2014,
quando fui morar de aluguel, mas, como não consegui mais trabalhar, tive de
voltar à rua." Entra-se no local em que o grupo mora por meio de uma
pequena porta. Do lado de fora, não dá para se ter uma noção da real dimensão
da área, que abriga ao menos 15 famílias. Na entrada, uma imagem do menino
Jesus dá boas-vindas. Como está parcialmente danificada – os braços já estavam
quebrados quando chegou ali – foi coberta com um paletó. A iniciativa, além de
estética, tem relação com o frio, segundo os moradores: nas noites de inverno,
as temperaturas ficam abaixo dos 10°C no local. O espaço tem uma cozinha
comunitária – em volta, há mesas onde algumas pessoas tomavam o café da manhã
quando o repórter visitou o local. É nessa hora do dia, quando todo mundo já
está acordado, que as tarefas começam a ser divididas: uns limpam a calçada do
lado de fora, outros cuidam dos banheiros.
(BBC Brasil)