O presidente
interino, Michel Temer, aconselhou o presidente afastado da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), a renunciar ao cargo de comando na Casa na última conversa que
eles tiveram, no domingo. Cunha sempre disse que não renunciaria, mas nessa
conversa mostrou muito mais insegurança. O deputado confidenciou que teme que
sua mulher, Cláudia Cruz, e sua filha, Danielle, investigadas na Lava-Jato pelo
juiz Sérgio Moro, sejam presas, se ele perder o cargo. Por isso, tenta uma
última cartada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), para anular a
decisão do Conselho de Ética que aprovou a cassação de seu mandato. Na
avaliação do governo, Cunha dificilmente conseguirá reverter a decisão do
Conselho de Ética com o seu recurso à CCJ. Mas, mesmo tendo ganhado uma
sobrevida com os adiamentos, se conseguisse uma vitória na CCJ, Cunha não
conseguiria passar pelo plenário. Apesar do grande número de deputados que respeitam
a sua liderança, o ambiente político está totalmente desfavorável a ele. O
governo já discute o pós-Cunha na Câmara. Haverá nova eleição apenas para
presidente da Casa, e o resto da Mesa permanece, inclusive o vice Waldir
Maranhão (PP-MA). Exatamente como aconteceu no caso do ex-deputado Severino
Cavalcanti, substituído por Aldo Rebelo. A articulação que está sendo feita com
os deputados dos vários partidos da base é para que haja um único candidato
para substituir Cunha. A avaliação que se faz no Planalto é que, se houver
apenas um candidato governista, o processo ajudará a unir a base parlamentar, o
que auxiliará a segunda fase da administração que começará após o impeachment.
(O Globo)