10 julho 2016

PREÇOS: 'Efeito psicológico' da alta do feijão pode pressionar ainda mais a inflação

Há duas preocupações legítimas por trás dos altos preços do feijão nas prateleiras dos supermercados, afirma o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP), André Chagas. A alta conjuntural do preço do grão, eleito símbolo da inflação atual, decorrente da quebra de safra por motivos climáticos, e a inflação estrutural que a escalada do preço do produto aciona na esteira da reação defensiva dos consumidores ao seu poder de compra. Essa reação indexa ainda mais a economia. É para a inflação estrutural que as ações e comunicações do Banco Central (BC) estão voltadas quando seus dirigentes mantêm juros e vêm a público reforçar o discurso de que o Comitê de Política Monetária (Copom) tomará todas as medidas necessárias para convergir a inflação ao centro da meta (4,5%) em 2017, afirma Chagas. "O impacto do aumento do preço do feijão (ou qualquer outro produto da cesta diária do consumidor) é mais psicológico do que qualquer outra coisa", diz o coordenador do IPC-Fipe. O pedreiro que vai ao supermercado e constata aumento de 90% a 100% no preço do feijão, segundo o coordenador do IPC-Fipe, não espera muito para reajustar o preço da sua mão de obra pelo porcentual do aumento do feijão, do arroz, da carne, etc. O mesmo faz a cabeleira, o eletricista, e tantos outros profissionais prestadores de serviços. E as altas se difundem pela economia, estabelecendo o que os economistas chamam de efeito de segunda ordem, contra o que o BC procura lutar.
(Estadão conteúdo)
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