Como uma droga, a corrupção vicia e dá prazer, e o
"tratamento" possível - a punição - não garante que o problema será
resolvido, segundo profissionais de psicanálise, psiquiatria e ciência
política, que se debruçam sobre a questão. "A sensação de poder tudo é
muito excitante, produz o maior barato que existe. Imagine um orgasmo que
durasse para sempre", diz a psicanalista Marion Minerbo, da Sociedade
Brasileira de Psicanálise de São Paulo. "Essa sensação maravilhosa vicia,
quer dizer, ela pode se tornar necessária para a manutenção do equilíbrio
psíquico dessas pessoas. Se perderem esse barato, ou mesmo se se sentirem
ameaçadas de perder esse barato, podem se deprimir seriamente ou surtar." Para o psiquiatra Fernando Portela, da Associação
Brasileira de Psiquiatria, a corrupção é "um vício, um modo de vida"
adotado por pessoas com "um vazio muito profundo" em seu sentimento
de existência. Na esfera pública nacional, este vício é satisfeito pela
oportunidade. Segundo a cientista política Rita Biason, do Centro de Estudos e
Pesquisas sobre Corrupção da Unesp, a falta de controle é o maior incentivo
para um corrupto. A psicanalista Marion Minerbo, por sua vez, afirma que
não é possível falar em tratamento para uma pessoa corrupta porque o fenômeno
depende de fatores individuais, interpessoais e culturais.
(Uol)