A Polícia Civil teve acesso a trocas de mensagens entre os dirigentes
da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), envolvida no escândalo da
merenda. Em uma das conversas, segundo os investigadores,eles falam sobre a
propina paga em parcelas que foi combinada durante a campanha de 2014, quando o
atual presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez, do PSDB, foi eleito
deputado. As conversas aconteceram em 8 de maio de 2015. Os pagamentos teriam
acontecido depois da campanha. Capez assumiu a presidência da Assembleia
Legislativa em março de 2015. Em delação premiada, o lobista Marcel Júlio
também cita a participação do presidente da Assembleia no esquema. Marcel Júlio
é apontado pela polícia, pelo Ministério Público, como o principal elo entre a
Coaf, funcionários públicos e políticos, segundo o Jornal Nacional. Na delação,
o lobista relatou que, em um dos encontros, um ex-assessor do deputado Fernando
Capez pediu 2% do valor do contrato e mais R$ 450 mil para a campanha. Segundo
Júlio, o ex-assessor do deputado tucano, Jeter Rodrigues Pereira, o convidou
para para conversar na Assembleia e disse: "você viu lá a publicação, tudo
como combinamos? Agora precisamos falar de valores. Eu quero 2% do contrato e
no total nós queremos, tirando os meus 2%, mais R$ 450 mil para ajudar na
campanha do deputado Capez". Em uma conversa entre Cássio Chebabi, então
presidente da cooperativa, e César Bertolino, que usa o apelido de Marrelo,
falam da "propina relacionada ao contrato da Coaf com o estado de São
Paulo" e que "aparentemente a Coaf emitiu nota fiscal para justificar
a saída de valores da entidade". Segundo a polícia, os dirigentes até
brincam com a situação. Marrelo fala: "deputado disse que deputado não
paga imposto. É mole.” Cássio responde: "só ganha".
(G1)