A Câmara Municipal de Pederneiras viveu na noite de
ontem (28), um cenário como há muito não era visto. O plenário totalmente tomado por servidores
municipais chamou a atenção dos legisladores.
A presença deles na sessão que
deveria votar em regime de urgência especial a proposta de reajuste salarial de
5%, encaminhada pelo prefeito Daniel Camargo (PSB), buscou alertar os
vereadores para o que consideram humilhante, uma vez que no ano passado o reajuste concedido a eles foi de apenas 3%. Não houve qualquer tentativa de
negociação por parte da administração municipal.
Vereadores governistas foram fragorosamente vaiados
quando tentaram defender o projeto do executivo, que não acenou com
nenhum sacrifício da parte da administração, que possui um exagerado número de
secretarias, diretorias, cargos comissionados e funções gratificadas. “Nenhum
tributo municipal aumentou apenas 5%”, disse um servidor.
Já da fase da ordem do dia da sessão extraordinária,
após ter sido o projeto colocado em discussão, iniciou-se debate por questão
de ordem, no sentido de ouvir os servidores antes da votação, feita
pelo vereador Chapéu (PSDB) e sugerida pelo blog Pederneiras de Fato. O
presidente Adriano do Postinho (PRP), anunciou a suspensão da sessão por 20
minutos e, quando se imaginava que iria chamar representantes dos servidores
municipais, reuniu-se a portas fechadas apenas com os demais edis, decidindo em
seguida encerrá-la, informando que o projeto será deliberado na próxima
sexta-feira (1º de abril).
Os servidores, por sua vez, que demonstraram força e
coragem no primeiro round, continuam mobilizados. Esperam que Camargo reveja a
proposta inicial e apresente outra, compatível com a realidade atual. Querem a reposição das perdas inflacionárias no período, inclusive com aumento real, a exemplo de algumas cidades da região. E
prometem retornar novamente à casa legislativa em número ainda maior, para
acompanhar o desfecho final da pendência.
A memorável
greve de 1993
O episódio de ontem lembrou a mobilização dos
servidores da prefeitura de Pederneiras ocorrida em setembro de 1993, quando a
administração municipal subestimando o movimento da categoria por melhores
salários, enfrentou a primeira greve em 102 anos de existência do município. A proposta imposta pelo executivo e rejeitada pelos servidores era de
apenas a inflação do mês, mais 3%. A dos servidores - que venceu a dureza -,
foi de 50% de aumento salarial, mais cesta básica e reajustes mensais e
sequentes até dezembro daquele ano, igual à inflação mensal cheia.