Os partidos políticos começam os preparativos para a primeira campanha
sem doações de empresas privadas prevendo estruturas menores e um peso ainda
maior das máquinas governamentais. Tesoureiros e dirigentes das principais
legendas, ouvidos pelo GLOBO, avaliam que, como não há cultura de doação por
pessoas físicas e o dinheiro do Fundo Partidário é pouco para cobrir os custos,
a disputa nas cidades será com muito improviso e criatividade. “Estamos
conversando com os candidatos e a militância para explicar que vivemos um outro
momento, que a campanha será mais simples, mais militante, mais corpo a corpo,
mais diálogo. Será uma campanha mais modesta, sem a suntuosidade que estava
acontecendo”, diz o ex-deputado Márcio Macedo, tesoureiro do PT, sigla que
lançou campanha para tentar aumentar a arrecadação entre os filiados. Levantamento
da ONG Transparência Brasil mostra que as campanhas municipais custaram R$ 4,6
bilhões há quatro anos; em 2014, nas eleições nacionais e estaduais, o financiamento
superou R$ 5 bilhões. Enquanto isso, o Fundo Partidário para ser repartido
entre todas as legendas este ano será de R$ 819 milhões. O valor é menor do que
o de 2015 (R$ 867,5 milhões), mas quase três vezes maior do que o de 2014 (R$
289,5 milhões). Esse dinheiro, porém, tem como finalidade a manutenção dos
partidos; o uso nas campanhas seria apenas com o que sobrar. A avaliação nos
partidos é que os prefeitos e os candidatos apoiados pelas máquinas estaduais e
federal terão maiores chances.
(Extra)