03 janeiro 2016

No Nordeste, famílias adiam planos de gravidez por medo do zika vírus

Casados desde 30 de agosto de 2014, o jornalista Erik Maia, 35, e a professora Luanda Rocha, 33, moram em Maceió e decidiram, nesse segundo semestre, começar as tentativas para que ela engravidasse. Mas o sonho acabou adiado por conta do surto de microcefalia relacionado ao zika vírus. Até o momento foram 2.975 casos suspeitos notificados no país – mais de 80% deles no Nordeste. O medo dos pais se tornou latente diante do crescimento vertiginoso no número de casos. "Com um ano de casado, a gente conversou e decidiu liberar para que as coisas acontecessem: ela parou de tomar anticoncepcional, e eu, de usar preservativo. Ficamos de agosto para cá expostos, mas não aconteceu porque, além de tudo, ela tem mioma – então tem que ser no dia certo, com ovário certo. Foi aí que surgiu essa história, e os casos começaram a se amplificar, amplificar até aparecerem aqui, em Alagoas", conto Erik. Luanda diz que teve medo de seguir com o plano. "O verão sempre vem acompanhado do mosquito, aí eu comecei a ler um milhão de coisas, ficar apreensiva, e cheguei em casa e disse: 'não vou engravidar agora'. Isso vale pelo menos até entender o que está acontecendo. A gente não sabe ainda bem o período que tem risco, fala-se que é no começo da gravidez, mas ninguém sabe ao certo. E é uma doença muito séria", disse, contando que espera retomar o projeto em 2016 – se houver mais informações. O medo também afetou as mulheres que se planejavam para fazer tratamento de fertilidade para tentar ter filho.
(Bol)
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