O presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) planeja como último ato de 2015, reverter a decisão tomada pelo
Conselho de Ética da Câmara de abrir investigação contra ele, por quebra decoro
parlamentar. A decisão foi tomada no início da semana, com a aprovação do
relatório apresentado pelo deputado Marcos Rogério (PDB-RO), pedido a
continuidade do processo, na oitava sessão do conselho destinada a abertura do
processo contra Cunha. Cunha chamou reunião de líderes para a próxima
segunda-feira (21), apesar do recesso parlamentar já ter começado oficialmente
de acordo com o Regimento. Cunha não deu caráter extraordinário algum sobre as
atividades previstas para a próxima semana e já arregimentou seus defensores
com o objetivo de garantir quorum para deliberação na CCJ. Para derrubar a
decisão do Conselho de Ética, Cunha já conta a disposição do presidente da CCJ,
deputado Artur Lira (PP-AL), seu aliado, que criticou a condução do
deputado José Carlos Araújo (PSD-SE), dizendo que o Conselho errou ao não
conceder vistas aos deputados que formam a tropa de choque do presidente da
Câmara. O recurso contra a decisão do Conselho foi apresentado pelo deputado
Carlos Marun (PMDB-MS) e será relatado por Elmar Nascimento (DEM-BA). A
continuidade dos trabalhos legislativos é mais um ato de Cunha com o objetivo
de reverter decisões contrárias a ele e reforçam a tese defendida pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que, ao pedir o afastamento de
Cunha do cargo de deputado, alega que ele usa seu mandato e a posição de
presidente da Casa para impedir o andamento das investigações. O pedido
feito por Janot só será julgado em fevereiro. Como estratégia, o Planalto
espera não dar quorum na semana que vem, embora a orientação seja para que os
deputados aliados estejam em Brasília na semana do Natal. Caso Cunha consiga
juntar seus cerca de 200 apoiadores na Câmara, será necessária uma
estratégia rápida para derrubar a proposta diante da presença dos
deputados fieis a Cunha.
(IG)