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O número de relatos de violência contra a mulher registrados
pelo 180 --disque-denúncia gratuito e nacional voltado para as mulheres--
aumentou cerca de 40% entre janeiro e outubro deste ano em relação ao mesmo
período de 2014. A visibilidade que o tema tem tido pode explicar esse
crescimento, na opinião de integrantes de movimentos feministas. Do começo do
ano até outubro, o disque 180 recebeu 63.090 relatos de violência contra a
mulher, 40,3% a mais que a quantidade registrada nos dez primeiros meses do ano
passado (44.957), segundo a Secretaria de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República. Das denúncias anotadas neste ano, quase metade
(49,8%) foi de violência física. Luise Bello, gerente de conteúdo e comunidade
da ONG feminista Think Olga, diz acreditar que o aumento no número de denúncias
ocorreu porque o assunto está "muito em voga". "O ano de 2015
foi de muito combate à violência contra a mulher. E o disque 180 é uma
ferramenta muito fácil de ser lembrada. Ela foi muito divulgada por empresas e
órgãos públicos, que aproveitaram as hashtags [nas redes sociais] para divulgar
o número", afirma Luise Bello. Ela lembra também que a violência contra a mulher foi
tema da redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste
ano, porta de entrada dos estudantes para a maioria das universidades públicas
brasileiras. Além disso, mulheres foram às ruas para
protestar contra um projeto de lei, aprovado em uma comissão da Câmara Federal,
que dificulta a realização de aborto em casos de estupro.
Segundo a proposta, a mulher que engravidar em decorrência de estupro só poderá
abortar após prestar queixa na delegacia e realizar exame de corpo de delito. A
legislação em vigor atualmente não faz essa exigência.
(Bol)