A ex-senadora Marina Silva disse, em entrevista a Roberto
D’Avila exibida nesta quarta-feira (11) na GloboNews, que o país convive com
vários planos econômicos ao mesmo tempo e que é preciso a definição de uma
agenda para o Brasil sair da crise. "Você tem uma situação em que o
governo tem um plano, o partido da presidente tem outro plano e o partido do
vice tem outro plano. São três planos
econômicos que estão em curso. E o plano do governo não é do governo, é apenas
do ministro da Fazenda, como se o ministro da Fazenda tivesse se autonomeado.
Quer dizer, onde está a preocupação em recuperar a credibilidade do país?"
Marina ressaltou que não há uma saída imediata. "O que tem é muito
trabalho, muito compromisso, responsabilidade e uma boa dose de humildade e
compromisso com o país. Primeiro para colocar em perspectiva. Que as pessoas
digam: nós vamos pagar um preço por um certo tempo, mas aqui tem uma agenda,
uma série de propostas, que nos fará sair da crise melhores e maiores. É isso
que tem que ser sinalizado para o Brasil”, afirmou. Para Marina, o ajuste
fiscal proposto pelo governo é pouco para tirar o país da crise. Marina
defendeu a adoção do ajuste Brasil, um compromisso para mudar a realidade
brasileira, mas não um pacto: "A palavra pacto está muito desgastada. Se
faz uma discussão grande em torno do ajuste fiscal. O ajuste fiscal é
necessário, porque o que foi feito com as finanças públicas acaba criando
problemas que são estruturais e prejudica toda a dinâmica do desenvolvimento
econômico e social do país, mas reduzir esse esforço ao ajuste fiscal é muito
pequeno. Porque nós precisamos fazer o ajuste Brasil. Dentro do ajuste Brasil
está o ajuste fiscal, mas o ajuste fiscal tem um custo. As pessoas neste
momento pensam: pagar esse preço, esse custo em nome de quê?” Marina considera
que a prerrogativa da liderança, neste momento, é da sociedade: "Os
partidos, as lideranças políticas, na sua maioria, há muito tempo deixaram de
discutir ideias e propostas, e só discutem como ganhar o poder.”
(G1)