09 outubro 2015

Projeto quer dificultar vítimas de estupros a terem acesso ao aborto

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados deve aprovar um projeto de lei que cria uma série de empecilhos para mulheres vítimas de violência sexual praticarem aborto na rede pública de Saúde. Fontes ouvidas e levantamentos feitos mostram que o PL 5069/2013, de autoria do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem folga de votos para os defensores do texto, cuja votação é prevista para ocorrer já na próxima semana. Se aprovado pela comissão, o projeto segue direto para o Plenário. Atualmente, no Brasil, o aborto é permitido em três casos específicos: quando a gravidez coloca em risco a vida da gestante; quando a gestação for consequência de um estupro; e no caso de o feto ser anencéfalo, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal. O projeto de lei de Eduardo Cunha não altera os casos em que a prática é regularizada, mas cria empecilhos para a realização do aborto. O texto prevê, por exemplo, a obrigação de exame de corpo de delito para comprovar a violência sexual sofrida pela vítima em decorrência do estupro. Hoje, o testemunho da pessoa no serviço de saúde é suficiente para o procedimento, sem exigência de provas. Além disso, o projeto prevê o aumento de pena a profissionais saúde que tratarem ou mesmo informarem essas pessoas de como proceder em caso de desejo de abortar após estupro – o que pode incluir perigosamente a distribuição das chamadas pílulas do dia seguinte. Na legislação atual, se uma mulher relata ter sido vítima de estupro, recebe gratuitamente uma pílula do dia seguinte como medida para evitar a fecundação. É a chamada profilaxia da gravidez – termo que o projeto também tenta eliminar da legislação por, em teoria, criar uma ligação entre gestação e doença.
(IG)
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