Um "diário" escrito pelo ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso sobre seus primeiros anos no poder será revelado em forma de livro de
quase mil páginas. Nele, FHC fala em "chantagem no Congresso", e
deixa ausente seu oponente, o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. Em
entrevista ao Fantástico, o
sociólogo e político conta que gravou o diário em áudio, por sugestão de uma
amiga. A transcrição dessas gravações virou o livro. "Essa altura da vida,
revelação é o quê? É o que aconteceu. Pelo menos como eu percebi o que
aconteceu", diz ao programa. No prefácio, FHC logo avisa que
"amenizou alguns qualificativos" porque, segundo ele, no momento usou
palavras que não são as mais adequadas. Mas o ex-presidente afirmou em
entrevista que nunca tirou o sentido do que eu queria dizer. Em um trecho
gravado em agosto de 1995, o ex-presidente menciona a palavra
"chantagem" e diz que se espanta com a força do Congresso.
"Embora o poder do Executivo seja imenso, o poder de chantagem do
Congresso é muito grande", diz. Em outro trecho, do mesmo período, FHC
reclama dos pedidos de partidos políticos por cargos e se diz cansado dessa
questão de "nomeia, não nomeia". "Se o presidente não dá escuta
os outros não falam. Você tem que provocar. Eu sempre escutei. Todo mundo.
Mesmo os deputados, mesmo aqueles que eram considerados perigosíssimos, venha.
Desde que fale", comenta. No
livro, FHC diz que não existe outra saída para crise que não seja o diálogo com
os partidos e a sociedade e sugere que a presidente Dilma Rousseff siga este
caminho. "Chamei a sociedade civil, os empresários, as associações de
classe, os sindicatos, os competentes, e digo: olha, a situação é essa, é muito
ruim, ou nós temos uma saída coletiva ou não saímos do impasse".
(IG)