Um mês atrás, uma professora teve uma surpresa em uma das salas
onde leciona pela rede de ensino pública do Município de São Paulo.
Após ouvir uma denúncia de seus alunos, ela observou a mochila de um dos
estudantes e nela encontrou uma grande e afiada faca de açougue, guardada entre
os pertences de um menino de apenas 12 anos. "Inicialmente, eu imaginava
que fosse uma faca de mesa, um souvenir, algo do tipo. Mas não. Com certeza,
aquele objeto poderia machucar muito uma pessoa. Era um instrumento de grande
porte", conta a professora, que há mais de duas décadas trabalha na rede
pública de ensino. "O que aconteceu foi que ele contou aos
coleguinhas que tinha uma faca, eles o desafiaram a mostrá-la e ele acabou
levando-a para a escola para provar o que tinha dito." O caso pode parecer
isolado, mas não é. Produzida pela ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
a 9ª edição do Anuário de Segurança Pública mostra que o porte
de armas brancas por parte de alunos é bastante comum dentro das
instituições de ensino públicas brasileiras. Com compilação de dados
disponíveis na mais recente Avaliação Nacional do Rendimento Escolar, a
Prova Brasil 2013, que ouviu 237.186 profissionais de Educação no País, o
documento mostra que um em cada seis diretores de escolas públicas no Brasil já
notou a presença de armas brancas entre alunos dentro de
suas instituições. Não existe um detalhamento de quantos foram flagrados
nessa situação. É a primeira vez que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública
inclui os dados referentes à violência dentro das escolas em seu anuário, no
qual também foram inseridas análises da Pesquisa Nacional de
Amostra por Domicílio (PNAD) 2012, do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em uma tentativa de compreender também o lado dos alunos em
relação ao tema. A análise dos dados especificamente de cada Estado mostra que o
número de estudantes que andam armados com facas e canivetes é ainda maior
em algumas regiões do País, chegando ao dobro da média geral.
(IG)