Jair Bolsonaro abriu o ano com o pé esquerdo no meio militar. Nestes primeiros dias de 2022, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio, e o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, que é da Marinha, mandaram, cada qual à sua maneira, um duro recado ao presidente Jair Bolsonaro. Paulo Sérgio mandou os militares tomarem vacina e parar de espalhar notícias falsas sobre imunizantes.
A carta do diretor da Anvisa, amplamente divulgada no fim de semana, foi a mais
dura manifestação de um funcionário de Estado ao presidente da República:
agora, ou Bolsonaro manda investigar Barra Torres e a Anvisa, ou se retrata por
ter levantado suspeitas sobre o que estaria por trás da insistência por vacinas
contra a covid. O presidente, entretanto, não fará nem uma coisa nem outra. A
sua resposta ficará naquela que foi dada em entrevista à Jovem Pan: “Não
precisava daquilo”.
Em
conversas reservadas, alguns militares reconhecem que há insatisfação no alto
escalão e que a carta de Barra Torres ajuda a equilibrar a imagem dos militares
depois da subserviência com que agia Eduardo Pazuello no cargo de ministro da
Saúde.
A
insatisfação dos militares com o governo, porém, não chega ao ponto de migrar
para o outro extremo do espectro político. Num segundo turno entre Lula e
Bolsonaro, muitos hoje insatisfeitos com o atual presidente da República, ficam
com Bolsonaro.
(Por
Denise Rothenburg/Correio Brasiliense)
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