Apesar de o presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmar frequentemente
que impeachment não pode ser classificado como golpe, seu partido ainda vive
uma divisão em relação ao tema. Na última semana, uma reunião com
integrantes das bancadas do PSB na Câmara e no Senado, Siqueira e os três
governadores do partido – Rodrigo Rollemberg (DF), Paulo Câmara (PE) e
Ricardo Coutinho (PB) – teve como um dos temas uma possível posição
oficial em relação ao processo de impeachment que poderá ser apreciado pelo
Congresso nas próximas semanas. Não houve consenso. Uma parcela dos
congressistas tem questionado uma eventual posição em favor do impeachment da
Dilma Rousseff sob o aspecto da atuação do PMDB nesta crise política. Na
avaliação de um grupo dentro do PSB, o PMDB tira proveito da ameaça de
afastamento da presidente para conseguir colocar a faca no pescoço da
presidente em troca de mais cargos e benefícios dentro da atual gestão. Dizem
que o PMDB instrumentaliza a questão do impeachment para se beneficiar e que o
PSB não pode entrar nesse jogo. O partido pretende se posicionar oficialmente
sobre duas questões depois da reunião da Executiva Nacional, que deve ser
realizada na próxima semana: ser ou não oposição – hoje o partido se coloca
como independente – e apoiar ou não o pacote fiscal da presidente, sobretudo no
que diz respeito a criação de uma nova versão da CPMF. Sobre esses dois temas
parece haver consenso. O PSB anunciará sua ida oficial para a oposição e dirá
que não apoiará a volta da CPMF. “Em relação ao impeachment a posição é de que
nós não podemos ser apressados, devemos esperar fato determinado”, diz o
deputado Bebeto (BA). “Uma coisa é ir para a oposição. Não podemos ter uma
decisão vinculada [entre ser oposição e defender o impeachment]”, declara.
(Último Segundo)