Pressionada por integrantes do governo, do PT e até pelo ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, a bancada petista na Câmara se reúne nesta
segunda-feira, 24, com o presidente do partido, Rui Falcão, para discutir se
decide apoiar um pedido de afastamento do presidente da Casa, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), após ele ter sido denunciado, na semana passada, por corrupção e
lavagem de dinheiro na Operação Lava Jato. Como mostrou o jornal O Estado de S.
Paulo ontem, Lula defende "cautela" por parte dos petistas para
evitar que partido tenha papel de protagonista em ações contra Eduardo Cunha. A
posição dos deputados petistas, a segunda maior bancada da Casa, é considerada
decisiva para fortalecer o incipiente movimento que deseja a saída de Cunha do
cargo. No dia da denúncia, parlamentares do PSOL, PSB, PT, PPS, PDT, PMDB, PR,
PSC, PROS e PTB divulgaram manifesto anônimo contra o peemedebista por
considerar "insustentável" a permanência dele no cargo. Antes do
encontro, Falcão já deu o tom, em entrevista, da posição que deve defender.
Segundo ele, embora considere o fato "gravíssimo", pretende esperar
uma decisão do Supremo Tribunal Federal - se aceita a denúncia transformando
Cunha em réu - para exigir o afastamento do presidente da Câmara. "Não vou
prejulgar", afirmou. A simples discussão dentro do PT tem irritado Cunha.
O presidente da Câmara ligou para o vice-presidente e presidente do PMDB,
Michel Temer, para reclamar da postura do PT, que chamou de inaceitável e
cobrou dele providências. "Se o PT quer partidarizar, vamos partidarizar
também", disse um aliado de Cunha, a quem foi relatada a conversa entre
ele e Temer. Petistas consultados pela reportagem temem que, em retaliação a
uma decisão mais agressiva da bancada, Cunha aumente a pressão sobre o governo,
com quem rompeu em julho. A posição majoritária dos deputados petistas é
esperar uma posição do STF ao mesmo tempo que aproveitam para expor o que
chamam de seletividade da oposição: não pedem o afastamento de Cunha,
denunciado, mas querem o impeachment de Dilma, contra quem não há nenhum
processo.
(dgabc)