A ocultação do nome do senador
Aécio Neves (PSDB-MG) das manchetes dos principais veículos da imprensa
tradicional no País é o debate principal nas redes sociais desde que o doleiro
Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa reafirmaram,
nesta terça-feira 25, durante sessão da CPI da Petrobras, na Câmara dos
Deputados, que o tucano recebeu propina de Furnas. O portal UOL ganhou destaque
nas críticas, por ter alterado sua manchete principal sobre o tema, ocultando
os nomes de Aécio e do ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, já morto. De
"Youssef e Costa confirmam repasse de propinas a Aécio Neves e Sérgio
Guerra", o título foi modificado para "Em CPI, Youssef e Costa citam
repasse de propinas de estatais a tucanos". A foto dos dois títulos circula nas redes. No Twitter, a hashtag #PodemosTirarSeAcharMelhor está em
primeiro lugar entre os temas discutidos nesta quarta-feira 26. O termo teve
origem em março, quando a agência Reuters deixou vazar uma reportagem com as sugestões de edição do
repórter para o editor. Em um trecho do texto negativo para o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, o jornalista propôs: "podemos tirar, se achar
melhor". No blog Tijolaço, o jornalista Fernando Brito destacou ontem o
"silêncio sepulcral" da mídia sobre o tema: Mas a reiterada acusação
a um senador da República, candidato a presidente e – segundo seus próprios
delírios – "presidente moral do Brasil" vai continuar sendo ignorada?
O ministro Gilmar não vai pedir investigações? Os jornais não vão buscar mais
detalhes: quem pagava, como pagava, quem levava, quem recebia – a bufunfa? Vamos
ficar no "não vem ao caso"? Ninguém quer tomar a palavra de um
bandido da cepa de Youssef como verdade, mas – ao contrário de tudo o mais que
ele falou – não se vai investigar? E a acusação a Pallocci, sobre a qual
Youssef diz que "tem um outro réu colaborador que está falando. Eu não fiz
esse repasse e assim que essa colaboração for noticiada, vocês vão saber
realmente quem foi que pediu o recurso e quem repassou o recurso". Como
assim? Youssef participa das negociações de outros delatores? É combinado? Uma
delação que, até ser homologada, deveria correr em absoluto sigilo, é do
conhecimento do doleiro? Será possível que o Judiciário brasileiro aceite –
perdão pela palavra – esta "esculhambação"? Houvesse um pouco de brio
e Youssef estaria agora sendo interrogado sobre como obteve informações sobre
delações em negociação com o Ministério Público. Mas não há.
(Brasil247)