Com mais de um ano de investigação divididos em 18 fases, a
Operação Lava Jato trouxe à tona o que seria até aqui o maior esquema de
corrupção investigado na história do Brasil. Empresários e políticos de peso
estão presos ou são alvos de denúncia num arranjo que envolve as maiores
empreiteiras do Brasil e um símbolo empresarial entre os brasileiros, a
Petrobras. Tudo isso, entretanto, corre o risco de virar um grande nada por
“vícios de origem”, como diz o deputado federal Aluisio Mendes (PSDC-MA). Mendes,
que é agente da Polícia Federal e foi secretário de Segurança Pública do
Maranhão, diz que o episódio da escuta encontrada na cela 5 da custódia da
Superintendência da Polícia Federal no Paraná tem potencial para colocar tudo a
perder. Ele cita exemplos recentes de operações que tiveram repercussão
midiática, mas acabaram enterradas por “vícios de origem”, como a Satiagraha e
a Castelo de Areia. “Um vício de origem nessas operações ensejou uma decisão do
Supremo que anulou essas operações. A sociedade brasileira não vai admitir que
isso aconteça com a operação Lava Jato”, diz ele. “Corremos o risco sim de, no
futuro, ter essa operação anulada”. O alerta é dado na semana em que a CPI da
Petrobras, braço parlamentar que vai a reboque da investigação policial
pretende fazer acareação entre o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de
abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. A previsão é que ambos
participem de uma acareação na Comissão nesta terça-feira (25), a partir das
14h. A suposta escuta ilegal teria justamente captado os diálogos de ambos no
período em que os dois dividiram, para estranhamento de muitos, a cela 5 da
custódia da Superintendência da Polícia Federal no Paraná. Não é usual que
presos alvos de uma mesma operação fiquem numa mesma cela para evitar que eles
combinem versões durante os interrogatórios.
(Último Segundo)