O senador Fernando Collor (PTB-AL) qualificou de arbitrariedade a
decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de entrar com denúncia
contra ele junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) sem que antes tenha sido
ouvido sobre os atos ilícitos a ele atribuídos. Collor enumerou acusações
contra Janot e o acusou de abuso de poder ao ordenar operação de busca e
apreensão em seu apartamento funcional em Brasília, que pertence ao Senado. Na
última quinta-feira (20), o senador foi denunciado por Janot por suposto
envolvimento na escândalo da Lava-Jato. No mesmo dia foi denunciado o
presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. O senador disse nesta
segunda-feira (24), em Plenário, que desconhece inteiramente a denúncia, porque
até agora nem ele nem seus advogados puderam ter acesso aos fatos elencados
pelo procurador-geral da República. Collor declarou que foi chamado duas vezes
para depor, mas, nas duas vezes, o depoimento foi cancelado. Também reclamou
que a Procuradoria-Geral da República tenha oferecido denúncia contra ele na
quinta-feira passada mesmo sabendo que seu depoimento já estava marcado. O
senador lembrou que apresentou à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
(CCJ), com cópia para todos os senadores, informações que não constavam do
processo de indicação de Janot, entre elas, denúncias contra o procurador-geral
por improbidade administrativa, abuso de poder e indução, autopromoção e
desperdício de dinheiro público. A CCJ sabatina Janot na próxima quarta-feira
(26). Também foram destacadas por Collor duas ações de fiscalização e controle
contra Janot, que tramitam no Tribunal de Contas da União (TCU), sobre a
contratação sem licitação de empresa de publicidade e o aluguel milionário de
uma mansão no Lago Sul em Brasília. "É esse tipo, sujeitinho à toa, de
procurador-geral da República, que queremos entregar à sociedade brasileira?
Possui ele a estabilidade emocional, a sobriedade que sempre lhe falta nas
vespertinas reuniões que realiza na Procuradoria? Possui ele o perfil
democrático e, mais do que isso, está ele dotado da conduta moral que se exige
para um cargo como esses? Não me parece ser esse o caso."
(IG)