A transformação radical do PSDB sob o comando do senador Aécio
Neves (PSDB-MG) já causa desconforto entre tucanos mais ortodoxos e
experientes. De partido social-democrata comprometido com bandeiras como a
livre iniciativa e a chamada 'responsabilidade fiscal', o PSDB se converte, aos
poucos, em agremiação 'xiita', que aposta apenas no discurso moralista (a
despeito de seu imenso telhado de vidro) e numa oposição radical, na linha do
'quanto pior, melhor'. Nesta terça-feira, o alerta foi feito por Arnaldo
Madeira, ex-secretário da Casa Civil de São Paulo. "Está difícil
entender o partido. Em vez de defender conceitos, estamos fazendo uma oposição
igual à que o PT fazia contra nós. Agora só falta o PSDB votar contra a Lei de
Responsabilidade Fiscal", afirmou. No fim de semana, alerta semelhante foi
feito pelo ex-ministro Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda e dono da
consultoria Tendências, tradicionalmente alinhada com o pensamento tucano.
Segundo ele, o PSDB "virou um partido incoerente". Para o economista,
o novo PSDB "imita o antigo PT oposicionista", "vota contra
tudo" e "defende ideiais que, se aprovadas, lhe cobrarão preço alto
caso volte ao governo". A principal queixa de Maílson diz respeito
aos 45 votos do PSDB na sessão que derrubou o chamado fator previdenciário.
"Ao patrocinar retrocessos institucionais, parece renegar sua contribuição
à modernização e ao desenvolvimento do país". Maílson escreveu ainda que o
partido se transformou numa "réplica ridícula do PT de outrora".
Antes dele, a crítica partiu do ex-governador paulista, Alberto Goldman, que
disse que o PSDB "não tem projeto de país". Ele disse ainda que a
falta de debate se agravou durante a gestão de Aécio à frente do partido.
Segundo ele, questões como a reforma política e mudanças previdenciárias
"não são discutidas e decididas pelo partido em seu foro natural e
legítimo".
(Brasil247)