Poucas duplas têm tanto tempo de estrada – e de voo. Quando tocaram em Nova York, em 2007, até devem ter pensando: “chegamos longe”. Nada mal para quem é de raiz bem interiorana. Nascidos em Pederneiras, esses filhos de Josué, um “violeiro do mato”, começaram cedo na cantoria por festas rurais, ainda na década de 40. “O pai era do catira. Eu ajudava, cantava umas modinhas de madrugada”, disse Craveiro em 15 de junho de 2014 a Inezita Barroso, numa série especial do programa “Viola, Minha Viola” – onde também já haviam tocado várias vezes, inclusive num dos primeiros programas, em maio de 1980. A mudança determinante da dupla, ainda em 1957, foi rumo a Piracicaba, a partir de onde se notabilizou como uma das mais respeitadas. Antes mesmo que a década de 50 terminasse, passaram a ter programas exclusivos em rádio local, liderando audiência. Segundo relato do site oficial, com o sucesso, os irmãos foram convidados por Teddy Vieira, em 1962, para gravar o primeiro disco, ainda em 78 rotações, com “Mata Deserta” (moda de viola) e “Ponta de Faca” (cateretê), ambas de autoria da dupla. “Era uma moda em cada banda”, resumiu Cravinho, com bom humor, a Inezita, no ano passado. Em 1967, saiu “O Rei da Festa”, primeiro disco com 12 músicas – e foi quando passaram a ter Tonico e Tinoco como padrinhos artísticos. Na mesma Chantecler onde fizeram sua estreia fonográfica ganharam o troféu Galo de Ouro (símbolo da gravadora) pelas três décadas de lançamentos na antiga companhia. Vinte e um discos depois, inclusive pela Warner, também participaram de projetos de outros artistas, como o CD “Meu Reino Encantado” com o cantor Daniel – e em dois DVDs de Cezar e Paulinho (filhos de Craveiro). Essa é, inclusive, talvez a única família em atividade com três gerações de cantadores pelos palcos do Brasil, já que César é pai e Ed & Fábio. São raízes preservadas com a alegria e a firmeza do caipira.
(JCnet)