Para a
mãe, é importante que a criança desenvolva autonomia logo nos primeiros anos de
vida. O pai, por outro lado, prefere assumir uma postura mais protetora e
segura, interferindo nessa “liberdade” toda. Soa familiar? A discordância entre
pais é algo comum e saudável em muitas famílias, no que diz respeito à criação
e educação dos filhos. O problema não está em discordar, e sim em expor os
pequenos a essas contradições e conflitos. Se os pais têm desejos e vontades
diferentes, é fundamental que exista o diálogo, de modo que eles possam
encontrar uma terceira alternativa – essa deve sempre levar em consideração
aquilo que é verdadeiramente bom para a criança, e não o que é melhor de acordo
com o ponto de vista de cada um. “Não tem problema que apenas um dos pais seja
o porta-voz para conversar com a criança. Mas ela tem que saber que a mãe ou o
pai teve uma discussão madura com o outro parceiro, antes de chegar à
conclusão. Assim, a criança consegue entender que os dois estão cuidando dela.
E se existir uma dúvida ou um dos lados não souber se o outro concorda com
alguma decisão, vale assumir para os filhos que não sabe a resposta e vai
conversar com o parceiro, antes”, sugere Cristiane Lorga, psicóloga e
especialista em Intervenção Familiar do Instituto de Terapia Sistêmica. Para
fugir dos conflitos e brigas na frente das crianças, vale apostar em um
planejamento educacional prévio. Assim, os pais podem combinar que valores e
ensinamentos darão aos filhos, sempre em conjunto. Os dois lados têm o dever –
e o direito - de educar os pequenos, com o que cada um tem de melhor. Não é a
tarefa mais fácil do mundo, por isso é importante abrir mão do egoísmo e
colocar a criança em primeiro plano. Réplica comum entre os filhos quando pai
ou mãe negam algum pedido, os famosos “minha mãe deixou” e “meu pai falou que
pode” precisam ser visto com muita cautela. Isso acontece porque a criança
percebe que há o atrito entre os pais, e passa a manipulá-los de acordo com a
própria necessidade, ainda que inconscientemente. Em vez de começar outra
guerra, a dica é respirar fundo, deixar passar e conversar sobre a discordância
com o parceiro, em outra oportunidade.
(IG)