O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Gilmar Mendes disse nesta sexta-feira, em São Paulo, que achou
"engraçado" ter havido manifestações – dentro e fora das redes
sociais – sobre os mais de 12 meses em que ele está com o pedido de vista da
ação direta de inconstitucionalidade (ADI) que trata da doação de empresas
privadas para campanhas eleitorais. A iniciativa, batizada na internet de
“#DevolveGilmar”, já rendeu até manifestações presenciais a Mendes, como o bolo
entregue por estudantes na Bahia, semana passada, quando o processo completou
um ano com o magistrado. “Estou
tão acostumado com isso. Eu acho engraçado!”, respondeu o ministro, indagado
sobre as ações da campanha "#DevolveGilmar". “Se a gente tivesse medo
disso, não poderia ser juiz, porque hoje todo mundo tem palpite sobre qualquer
questão”, minimizou. O representante do Supremo foi o convidado da Secretaria
de Segurança Pública do Estado para uma palestra sobre justiça criminal. Na
plateia estavam os altos escalões das polícias Civil e Militar, além do
secretário Alexandre de Moraes. A campanha “#DevolveGilmar”, que ganhou corpo
inicialmente em sites e redes
sociais ,
questiona o tempo do pedido de vista de Mendes para a ADI contra doação privada
a campanhas eleitorais. A ação, proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), sugere que o fim do financiamento de empresas contribuiria para
se coibirem crimes como abuso de poder econômico nas disputas eleitorais.
O STF já rejeitou o financiamento privado por seis votos a um, mas a votação
foi suspensa dia 2 de abril do ano passado com o pedido de vista. Indagado se acha razoável o prazo de 387 dias para análise da
matéria? “É engraçado: faz 15 anos que não se julga o caso [do assassinato, em
janeiro de 2002, do ex-prefeito petista de São Bernardo] Celso Daniel – o caso
matriz de corrupção política. Ficou três anos parado no STF com pedido de
vista, e vocês não fizeram nada”, reagiu, irritado. “Quando pensar em um caso
de corrupção, pense no caso Celso Daniel – ali há questões de [coleta de] lixo,
ônibus , financiamento de campanha... vou até propor o dia da morte dele como
‘dia de combate à corrupção política’”, ironizou.
(Terra)