Se
levar em conta os conselhos que recebeu do ex-presidente Lula numa conversa em
São Paulo na quinta-feira antes do Carnaval, o primeiro passo pós-folia da
presidente Dilma Rousseff será tentar um acordo de convivência com o presidente
da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas um acordo para valer. Não uma foto
protocolar como a que foi tirada numa reunião há duas semanas, após Cunha
derrotar o Palácio do Planalto na eleição para a presidência da Câmara. Lula
disse a Dilma que, para recuperar o controle do Congresso, precisará de um
acordo com o presidente da Câmara, já que ela tem um bom entendimento com o
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Lula lembrou que, em 2005,
quando Severino Cavalcanti (PP-PE) se elegeu presidente da Câmara, ele o recebeu
para uma conversa no Palácio do Planalto e fizeram um acordo. “Tive a humildade
de ir falar com ele”, teria dito o ex-presidente. Logo após a explosão do
escândalo do mensalão, Lula se acertaria com a então parcela oposicionista do
PMDB. Portanto, o desafio é um acordo real com Cunha e o PMDB, que ainda não
aconteceu desde a derrota na eleição para a presidência da Câmara. Sem um
acordo com Cunha e o PMDB, com uma nova CPI da Petrobras adiante, com o
isolamento do PT no Congresso e com a possibilidade de a oposição ficar com
comissões importantes na Câmara, há possibilidade de o governo ode ter
dificuldade na aprovação das medidas do ajuste fiscal.
(IG)