Em
um dia de agosto, Hannan acordou e se deparou com sua família arrumando as
malas com pressa. Ela foi pega de surpresa: ainda não tinha se dado conta que
os jihadistas do Estado Islâmico estavam tão perto. Do lado de fora, a rua
principal de sua cidade natal, Sinjar, estava lotada. A família dela se juntou
a outros yazidis correndo e chorando, enquanto balas voavam sobre suas cabeças,
diz ela. A chuva vai castigando a barraca onde estamos abrigados enquanto ela,
nervosa, conta sua história torcendo os dedos. Hannan não é seu nome
verdadeiro. Nenhuma das ex-prisioneiras poderia suportar ser identificada.
Hannan tem 18 anos e sonha ser enfermeira, um futuro que quase foi levado
embora pelo Estado Islâmico. A jovem conta que os jihadistas bloquearam as estradas
de Sinjar com suas caminhonetes. Eles separaram mulheres e meninas. "Eles
eram 20, com barbas grandes e armas. Eles disseram: 'Vocês vão vir para Mosul'.
Nós recusamos. Eles nos bateram e nos empurraram para os carros." Ela,
então, foi levada com as outras mulheres para um ginásio esportivo e, depois de
algumas semanas, todas foram para um salão de casamento. Em um dos lugares,
havia um total de 200 mulheres e meninas. Era como se fosse um mercado de
escravas. Os combatentes poderiam vir e escolher quem quisessem. "Nós não
ousávamos olhar na cara deles. Tínhamos muito medo. Uma menina voltou depois de
ter sido usada como escrava sexual e nos contou tudo. Depois disso, o Estado
Islâmico não permitia que ninguém voltasse."
(google)