Há
cerca de 10 milhões de anos, a linhagem de primatas dos quais os humanos
descendem já ingeria álcool. Um estudo de paleogenética fez uma viagem no tempo
para encontrar o momento em que uma das enzimas que metaboliza o etanol das
frutas se ativou. O fenômeno ocorreu na época em que o ancestral comum de
humanos, gorilas e chimpanzés desceu das árvores. A fruta caída, quase
apodrecida, pode ter servido como sustento daqueles primeiros hominídeos que
caminhavam pelo chão. Em uma fruta que passa seu ponto de maturidade pode haver
uma quantidade de etanol (a versão mais comum do álcool natural de origem
vegetal). A teoria dominante, no entanto, defende que o álcool só passou a
fazer parte da dieta dos humanos há cerca de 9.000 anos, quando em várias
partes do mundo o nomadismo coletor deu lugar ao sedentarismo e à agricultura.
Com a acumulação de grãos e frutas, os primeiros neolíticos descobriram que
podiam conservá-los através da fermentação e sua transformação em bebidas
alcóolicas. Mas uma pesquisa divulgada na revista científica PNAS estabelece como bastante anterior a
irrupção do álcool entre os humanos. Tanto que estes ainda nem sequer existiam.
Analisando a evolução da enzima álcool desidrogenase classe IV (ADH4), uma das
que metabolizam os diferentes álcoois que entram no organismo, em primatas
atuais e extintos, uma equipe de pesquisadores estima que essa enzima se ativou
há cerca de 10 milhões de anos.
(msn)