Alvo de uma investigação criminal no Ministério Público Federal e de uma
sindicância na Universidade Federal do Espírito Santo por declarações
consideradas racistas numa aula - entre elas a de que, entre um médico branco e
um negro, escolheria um branco -, o professor de Economia Manoel Luiz Malaguti
quebrou o silêncio e, pela primeira vez, pediu desculpas pelas declarações que
geraram polêmica. Entre pausas e choro, ele disse ao GLOBO que foi ameaçado e
está sendo "crucificado" pela opinião pública, mesmo "diante de
uma carreira acadêmica que traz publicações e livros voltados para a defesa das
classes menos favorecidas". O professor, que se diz
especializado em questões sociais e desigualdade, atuou também na Universidade
Federal da Paraíba e na Universidade de Lisboa. Na quinta-feira (6/11), a
reitoria da Ufes decidiu afastá-lo de todas as funções pelo prazo de 30 dias,
até que se conclua a sindicância. Ele admite que, “no meio de uma discussão
sobre cotas e sobre o sistema educacional, eu coloquei que se tivesse que
escolher entre dois médicos, um branco e um negro com o mesmo currículo,
escolheria um branco”. A declaração foi dada durante uma aula na última
segunda-feira, mas Maguli sustenta que suas palavras foram descontextualizadas. Eu pediria desculpas a todos aqueles que se sentiram
ofendidos, não quis de forma alguma ofender ninguém. Sempre me preocupei em não
causar problemas. Peço desculpas se eu não fui suficientemente claro e, com
isso, magoei algumas pessoas. Agora, o ambiente de aula é espontâneo. Alguma
palavra pode ter sido mal colocada, mas a universidade não é local onde se pode
levar em consideração o sentimento de uma pessoa. Lamento se coloquei alguma
palavra cuja interpretação tenha gerado ofensa.
(O Globo)