08 novembro 2014

Professor acusado de racismo quebra silêncio e pede desculpas


Alvo de uma investigação criminal no Ministério Público Federal e de uma sindicância na Universidade Federal do Espírito Santo por declarações consideradas racistas numa aula - entre elas a de que, entre um médico branco e um negro, escolheria um branco -, o professor de Economia Manoel Luiz Malaguti quebrou o silêncio e, pela primeira vez, pediu desculpas pelas declarações que geraram polêmica. Entre pausas e choro, ele disse ao GLOBO que foi ameaçado e está sendo "crucificado" pela opinião pública, mesmo "diante de uma carreira acadêmica que traz publicações e livros voltados para a defesa das classes menos favorecidas". O professor, que se diz especializado em questões sociais e desigualdade, atuou também na Universidade Federal da Paraíba e na Universidade de Lisboa. Na quinta-feira (6/11), a reitoria da Ufes decidiu afastá-lo de todas as funções pelo prazo de 30 dias, até que se conclua a sindicância. Ele admite que, “no meio de uma discussão sobre cotas e sobre o sistema educacional, eu coloquei que se tivesse que escolher entre dois médicos, um branco e um negro com o mesmo currículo, escolheria um branco”. A declaração foi dada durante uma aula na última segunda-feira, mas Maguli sustenta que suas palavras foram descontextualizadas. Eu pediria desculpas a todos aqueles que se sentiram ofendidos, não quis de forma alguma ofender ninguém. Sempre me preocupei em não causar problemas. Peço desculpas se eu não fui suficientemente claro e, com isso, magoei algumas pessoas. Agora, o ambiente de aula é espontâneo. Alguma palavra pode ter sido mal colocada, mas a universidade não é local onde se pode levar em consideração o sentimento de uma pessoa. Lamento se coloquei alguma palavra cuja interpretação tenha gerado ofensa.
(O Globo)
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