Considerado um “independente” dentro do partido que ajudou a
criar, o PMDB, o senador gaúcho Pedro Simon despede-se dos 32 anos de Senado e
dos 60 anos de vida pública com a sensação de tudo na política está ficando
cada vez pior. Para Simon, o grande problema do país é a corrupção. Ele também
aponta a falta de afinidade dos partidos políticos com os mais jovens. Segundo
ele, os partidos brasileiros são “de mentirinha”. “As coisas estão piorando.
Estão ficando mais graves e mais horrorosas”, diz Simon, ao falar da corrupção.
“Os partidos políticos não têm uma intimidade com os jovens, uma preocupação
com os jovens. Isso porque os partidos políticos hoje são de mentirinha”,
analisa o senador, que esteve na base dos principais movimentos políticos do
país nos últimos 30 anos, como o processo de redemocratização e a campanha das
Diretas Já, por exemplo. No próximo dia 31 de janeiro, último dia de mandato de
Simon, completará 85 anos. Considerando suas atuações como vereador em Caxias
do Sul, sua cidade natal, deputado estadual e governador do Estado, 60 anos de
vida pública. Ao falar da morte de seu amigo e colega de luta, Tancredo Neves,
Simon apela para o bom humor. “Tancredo morrer foi má-fé dele. Ele tinha o
compromisso conosco de viver. Não poderia ter morrido. E ainda deixou Sarney,
podia ter levado junto”, brinca o senador, que aproveita para alfinetar seu
outro colega de partido, o senador José Sarney (PMDB-MA), vice de Tancredo, que
assumiu o governo.
(Último Segundo)