09 maio 2014

JAIR RODRIGUES: O cantor que quebrou o formalismo

Sozinho na sauna de sua casa, em Cotia, enquanto todos dormiam, Jair Rodrigues sofreu um enfarte. Seu corpo foi encontrado pela empregada por volta das 9h30 de quinta, 8, e seus filhos não acreditaram que era o pai quem estava ali, sem vida. Os amigos próximos foram avisados e a notícia se espalhou. Pedro Mariano recebeu a ligação de Jair Oliveira, filho do cantor. João Marcello Bôscoli também. Wilson Simoninha chegou com um choro incontido. Nas redes sociais, as pessoas reagiam como se não acreditassem que Jair Rodrigues, o mesmo homem que dias antes comemorava as conquistas de seus 75 anos, também morria. O enterro de Jair será nesta sexta, às 11h, no Cemitério Gethsêmani, no Morumbi. A causa da morte, enfarte do miocárdio, foi confirmada quinta-feira, 8, por sua assessoria de imprensa. Jair não sofria de nenhuma doença grave, segundo check-up realizado há cerca de três meses, e tinha na agenda uma série de shows confirmados até o fim de julho. Quando chegou 1966, Geraldo Vandré surgiu sedento por uma vitória no Festival da Record. Sua música, Disparada, deveria ser defendida por um artista sério. "Não por Jair Rodrigues", disse ele ao produtor Solano Ribeiro. "Pedi que ele ouvisse Jair no ensaio uma vez", lembra Solano. Vandré ouviu e se convenceu. "Nascia ali um novo artista. Ninguém poderia imaginar que ele cantaria com tanta propriedade uma canção de origem sertaneja", diz o pesquisador Zuza Homem de Mello. Disparada empatou em primeiro lugar com A Banda, de Chico Buarque. Mas o próprio Chico reconheceu que o homem que vinha lá do sertão era grande demais para um empate. Jair merecia a vitória.
(Estadão)
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