Golpe, ditadura,
perseguição, tortura, exílio. Essas palavras de difícil conceito para a maioria
das crianças fizeram parte da rotina, dos diálogos familiares e da vida de
centenas de pequenos brasileiros que tiveram suas trajetórias completamente
alteradas pelo ano de 1964. Os filhos e os netos de quem enfrentou a ditadura
militar aprenderam - em sua maioria - desde muito cedo o prejuízo da restrição
da liberdade de expressão, os horrores da repressão ao contraditório e a
importância da democracia e do direito de ir e vir. Tiveram, muitas vezes no
auge de sua inocência, de ouvir (e ver) histórias da crueldade. Conhecer o
sofrimento daqueles que deveriam ser heróis por os protegerem de monstros
imaginários e que terminaram vivendo pesadelos reais, afastados da família. A
geração que herdou a história de lutas dos pais, de modo geral, relembra o
passado com orgulho. O amadurecimento fez com que aqueles pais fossem mais do
que heróis dos próprios filhos. Muitos, para além do romantismo da luta,
sofrem ainda as consequências de violências, separações, rupturas precoces. Em
comum, os filhos de quem resistiu ao regime instaurado pelos militares no País,
após a deposição do presidente João Goulart em 1964, carregam uma experiência
política e histórica diferente da maioria dos brasileiros.
(Último Segundo)
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