25 fevereiro 2014

EDITORIAL: Desengavetar é preciso

Em abril do ano passado, o vereador Mauro Soldado protocolou projeto de lei que disciplina a doação de bens imóveis para instalação de empresa em Pederneiras. No mês de agosto daquele ano, outro projeto de autoria do vereador ingressou no legislativo, tratando de estabelecer diretrizes para a política municipal de promoção da saúde do idoso e envelhecimento saudável.

Deste então, tais projetos encontram-se nas gavetas. Veio o recesso de final de ano, o reinício das atividades legislativas em 2014 e até agora nada de serem colocados em pauta para deliberação dos edis.

Há nisso, gritante descumprimento de normas regimentais. As Comissões tem prazo-limite para emitirem parecer aos projetos. Apenas uma delas, a de orçamento, finanças e contabilidade tem relatório e, mesmo assim, equivocado, porque emite juízo de valor sobre a conveniência da proposta, ingressando também na seara da comissão de constituição, justiça e redação. Aliás, diferente do que a vereadora Durva, que relatou o projeto mencionou, a procuradoria jurídica do legislativo deu “sinal verde” à legalidade e constitucionalidade da matéria. Não há erro de iniciativa.

A comissão de constituição e justiça, presidida pelo vereador Willan, até semana passada, não havia escrito uma linha sobre as propostas em que pese, segundo o regimento interno, ser obrigatoriamente a primeira a se pronunciar.

Com todos os prazos das comissões vencidos, o presidente Ricardo de Santelmo teria que cumprir o ordenamento da casa, incluindo os projetos na ordem do dia, mesmo sem parecer das comissões. É da responsabilidade dele adotar o que o regimento interno manda. É natural aplicar-se a regra do “ao rei tudo, aos súditos o que sobrar”?

Engavetar projetos importantes a bel prazer não contribui para um legislativo forte e independente.  Ao contrário, demonstra a subserviência de um poder a outro, por livre arbítrio de quem dirige os trabalhos.  Vejamos se haverá resposta na sessão desta terça-feira (25).

A propósito, o prefeito mandou projetos para a câmara sobre eles se debruçar na sessão de hoje. O regime de urgência certamente vai entrar em campo. As proposições do prefeito podem percorrer os espaços da casa num vapt vupt, como tem acontecido, porque o legislativo parece andar na rabeira do executivo.

Dois pesos e duas medidas. É pagar para ver!
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