Malavolta Jr. |
Crianças são incentivadas a beber água |
“Nada substitui a água”. A dica da nutricionista Eliane Petean Arena é seguida por poucos, em dias em que as opções de bebidas são tantas. Na tarde de ontem, em uma rápida volta pelo Calçadão da Batista de Carvalho, a reportagem não encontrou uma pessoa sequer consumindo água, cujo dia mundial é comemorado hoje. A exceção foi uma estudante universitária, frequentadora de academia.
E o tempo ameno dos últimos dias não é desculpa para abrir mão do líquido, já que o ideal é não esperar a sede chegar para se hidratar. De acordo com Eliane Arena, a realidade encontrada na Batista é reflexo dos hábitos de vida contemporâneos, em que a preocupação com o consumo de água em níveis considerados ideais foi praticamente esquecida
Em uma escola de Bauru, crianças são incentivadas a valorizar o consumo de água |
“É claro que essa quantidade varia de pessoa para pessoa, mas o recomendado seria de 2 a 3 litros de água pura por dia”, ensina. O nível é bem inferior ao que o estudante Jonatha Wesley Alves, 18 anos, costuma ingerir.
“Tomo, no máximo, um litro por dia. Bebo muito mais refrigerante”, confessa, entre um gole e outro da bebida gaseificada. Já o pai, o pedreiro Adilson Soares Alves, 37 anos, afirma consumir bem mais do que dois litros, principalmente por conta do esforço físico demandado por seu ofício.
“Na época do verão, é água o tempo todo, porque a gente sua bastante. Mas, em casa, se deixar, a molecada só toma refrigerante, então a gente intercala com suco em pó”, revela ele, pai ainda de outras duas crianças, de 6 e 8 anos.
Segundo Eliane, o nível de atividade física está entre os fatores que determinam o quanto cada indivíduo deve ingerir de água diariamente. Contam ainda a idade, o peso e o clima. “Mulheres que estão amamentando, crianças, idosos e aqueles que possuem problemas intestinais ou ficam muito tempo sob o sol ou em ambientes com ar condicionado devem abusar da água. Já pessoas com problemas renais devem restringir o consumo”, salienta.
Substitutos
Ela explica que a ingestão da quantidade ideal de água ajuda na filtração renal, na eliminação das toxinas do organismo, além de hidratar a pele, o cabelo e o intestino, melhorando seu funcionamento e prevenindo o câncer colorretal. Quando substituídas por outros tipos de bebida, como refrigerantes, ficam prejudicadas a absorção de vitamina A, cálcio e ferro.
“E sucos prontos (de caixinha) possuem grande quantidade de sódio. O mesmo ocorre com refrigerantes diet e isotônicos. Se consumidos em excesso, podem desencadear hipertensão, além de deixar as pessoas muito inchadas”, afirma.
A nutricionista destaca que os isotônicos, assim como a água de coco, são indicados para a reposição de sódio e potássio de pessoas que fazem exercícios físicos. Já as águas flavorizadas (ou saborizadas) provocam inchaço abdominal, assim como água tônica e demais refrigerantes, por conterem gás carbônico.
Diante do forte apelo de mercado, Eliane argumenta que o estímulo para a ingestão de água tem de começar ainda na infância, já nos primeiros anos de vida. Trata-se de uma prática seguida por uma escola privada de educação infantil de Bauru que recebe crianças de dois a cinco anos.
“Além da conscientização contra o desperdício, inserimos conceitos de sustentabilidade. E, dentro deste projeto, ensinamos a valorizar a água, incluindo sua importância para o organismo”, pondera a professora Nicole Gonçalves Castelo.
Atualmente, de acordo com ela, quase todos os alunos tem sua garrafinha própria para beber água. “Suco, só na hora do lanche, que também pedimos às mães para que seja o mais saudável possível. O bebedouro fica à disposição deles o dia todo”, pontua.
Verdade e mito
Segundo a nutricionista Eliane Petean Arena, os benefícios proporcionados pela água são carregados de mitos. Um deles é o de que beber dois copos de água pela manhã, ainda em jejum, é fundamental para garantir uma vida saudável.
“Não adianta nada a pessoa cumprir este ritual, mas ser sedentária e ter uma alimentação desregrada. Não serão esses dois copos de água que irão impedir que ela tenha hipertensão ou diabetes, por exemplo”, pondera.
Já uma prática que tem comprovada eficácia é ingerir água concomitantemente à bebida alcoólica para retardar a embriaguez. “O álcool fica mais diluído no organismo e é mais rapidamente expelido, porque a pessoa terá de ir mais vezes ao banheiro”, considera.
Sem exageros
Beber bastante água é fundamental, mas o consumo em demasia pode fazer mal à saúde. O excesso de líquido no organismo pode levar a um quadro de confusão mental e hiponatremia, que é a baixa concentração de sódio no sangue.
Mas, para que isso ocorra, é preciso consumir uma quantidade exagerada de líquido, algo em torno de sete litros por dia. Nestas condições, a pessoa pode sofrer uma sobrecarga renal ou até um edema cerebral.
(JCnet)
0 comments:
Postar um comentário