Ao nascer, a lua lhe deu um banho de inteligência. Com Zélia, viveu um romance como os narrados nos livros. Assim como ele, seus amigos eram "gente simples como são os homens verdadeiramente importantes".
Esse fato, que ficou gravado na memória de Zélia Gattai como se ela também o tivesse presenciado, ocorreu há exatos 100 anos. Jorge Amado nasceu no dia 10 de agosto de 1912, numa fazenda de cacau, em Itabuna, longe da civilização, como frisava a mãe dele, ao narrar para a nora como o filho veio ao mundo.
Havia uma superstição de que quem nascia empelicado (com a cabeça envolta nas membranas fetais), como foi o caso do escritor, teria muita sorte na vida. Mas as duas mulheres que fizeram o parto jogaram fora a pelica. Além disso, as parteiras colocaram o bebê embaixo de uma bacia e ficaram batendo nela feito tambor, porque, ao nascer, o menino não havia chorado. "Suas burras!", gritou a mãe de Jorge.
Ao ouvir os gritos da esposa, João, que aguardava do lado de fora, pegou o filho nos braços, deu duas palmadinhas, e ele finalmente chorou. O som do choro foi seguido pelo barulho dos rojões, em comemoração ao nascimento da criança, soltados por aqueles que também esperavam pela sua chegada.
O pai carregou o bebê nuzinho e exibiu seu primeiro filho para todos que ali estavam. E como era uma noite de luar, João disse: a lua vai dar um banho de inteligência nessa criança.
(Tribuna)
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