30 junho 2012

Evangélicos crescem 44% em 10 anos

Uma realidade que se desenhava a olhos vistos foi comprovada em estatísticas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo dados do Censo Demográfico, divulgados ontem, o número de evangélicos cresceu 44,4% em Bauru em apenas dez anos. Com o surgimento de programas religiosos nas emissoras de rádio e televisão e a consequente expansão de templos em toda a cidade, o evangelismo passou de 74.558 para 107.675 adeptos (leia mais na página 23).

Já o catolicismo, mesmo mantendo sua predominância, seguiu movimento oposto e perdeu seguidores entre 2000 e 2010. Com encolhimento de 9,7%, a redução foi 197.366 para 178.207 fiéis no período. Entre outras religiões consideradas, o Censo também indicou aumento da população espírita e de pessoas que não possuem religião (leia mais abaixo).

Segundo o IBGE, o aumento no número de evangélicos é proporcional ao crescente declínio da religião católica. Enquanto os católicos passaram de 62,45% para 51,82% do total de moradores da cidade (queda de 10,63%), os adeptos da crença evangélica cresceram de 23,59% para 31,31% do contingente populacional (variação de 7,72%), mantendo-se como a segunda religião com o maior número de fiéis no país.

Este efeito migratório é reflexo, em grande parte, da popularização do evangelismo por meio de programas de rádio e televisão, publicações literárias e internet, conforme avalia o pastor Aguinaldo Silva, presidente da União Pastoral do Brasil em Bauru. “Foi quando o Evangelho saiu das quatro paredes (da Igreja). As pessoas tiveram um maior acesso à palavra de Deus e esta nova possibilidade despertou o interesse de um grande número de pessoas”, analisa.

Variedade
De acordo com ele, a variedade permitida pelas diversas denominações da Igreja Evangélica – inclusive as que possuem discurso mais alinhado com a realidade contemporânea ameaçada pela aids e cada vez mais tolerante quanto à diversidade sexual - também contribuiu para atrair um maior volume de fiéis. “É uma religião mais aberta, que quebrou algumas tradições antigas. Alguns segmentos, por exemplo, aceitam o uso de preservativos nas relações sexuais, outros recebem os casais homoafetivos. Há ainda aqueles direcionados a um público específico, mais jovem, como os surfistas”, pondera.

Recém-convertido ao evangelismo, o vendedor Leandro Henrique de Brito Simões, 23 anos, conta que nunca havia seguido nenhuma religião. Mas, criado em uma família evangélica, diz que já não se sentia mais confortável no círculo de amigos que sempre gostaram de beber e sair à noite.

“Ficava me sentindo culpado por gastar com balada e via um mundo de violência e drogas, que não tinha nada a ver comigo. Na igreja, me sinto mais leve. Sei que, sempre que eu estiver chateado, Deus vai colocar paz dentro de mim”, observa ele, que vai ao templo ao menos quatro vezes por semana.

Declínio
Enquanto as igrejas de missão e pentecostais, dentre outras que pregam o evangelismo, continuam a crescer, o catolicismo, herança da colonização portuguesa, historicamente vem perdendo adeptos. Por este motivo, o novo declínio revelado pelo Censo 2010 já era esperado, conforme reconhece o padre Milton César Carraschi, pároco da Paróquia São José Trabalhador.

“É claro que esta redução preocupa e deve ser motivo para as pastorais repensarem suas atividades. Mas, hoje, a Igreja Católica está mais preocupada com a qualidade de seus fiéis, do que propriamente com a quantidade”, ressalta.

Na avaliação do pároco, embora esteja perdendo espaço para as denominações evangélicas, a Igreja Católica não perdeu sua força e ainda se mantém como a instituição de maior credibilidade em todo o mundo. “Mesmo porque o catolicismo continua sendo a religião com maior número de fiéis. Não vamos mudar o discurso para agradar um número maior de pessoas se ele não coincidir com a verdade evangélica. Não vamos inventar histórias ou prometer curas milagrosas para atrair fiéis”, frisa.

De qualquer maneira, o padre prega a paz e diz que a Igreja não é adepta de práticas proselitistas para arrebanhar evangélicos para o catolicismo. “Não estamos falando de deuses distintos, mas sim do mesmo Deus. Não é a quantidade de fiéis que vai indicar qual religião é verdadeira. O que importa é se ela faz ou não bem para a população”, finaliza. 

Pluralidade religiosa
Se o catolicismo ainda é hegemônico e o evangelismo não para de crescer em Bauru, a cidade convive cada vez mais com a pluralidade religiosa. O Censo 2010 revelou que 3,94% dos entrevistados se declararam espíritas (em 2000, eram 3,12%), num total de 13.540 adeptos. Já a umbanda e o candomblé respondem por 0,26% (na pesquisa anterior, eram 0,25%).

Outras religiosidades, como o islamismo, budismo e esoterismo, por exemplo, estão presentes em 0,59% da população (sem alteração), enquanto que 8,52% dos bauruenses - 29.289 pessoas - não têm religião (antes, eram 7,31%). Apenas 0,11% não souberam responder ou não quiseram prestar a informação.
(JCnet)
Compartilhar:

Outras postagens

0 comments:

Postar um comentário

Copyright © 2025 Blog do Monteiro | Powered by Blogger
Design by SimpleWpThemes | Blogger Theme by NewBloggerThemes.com