Apesar da tentativa feita ontem por Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) de desconstruir as suspeitas que sofre no Conselho de Ética do Senado, sua situação é considerada "complicada" por integrantes do colegiado.
"Para mim já é quebra de decoro um parlamentar ter despesas pagas por um agente privado", disse o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) sobre as contas de um telefone Nextel de Demóstenes terem sido pagas pelo empresário Carlinhos Cachoeira.
O aparelho foi um "presente" do empresário para o senador: "O telefone foi-me dado porque era mais fácil falar. Fala dos Estados Unidos, fala daqui, fala dali. Não tem nenhum contexto além disso", afirmou Demóstenes.
O relator no Conselho de Ética, Humberto Costa (PT-PE), disse que o fato constará do relatório, a ser apresentado nas próximas semanas. Sem dúvida, essa é uma questão que precisa ser muito bem analisada. Não é usual que um senador ou parlamentar conceda a uma pessoa claramente vinculada à contravenção a oportunidade de lhe presentear com um telefone", afirmou.
O senador Eunicio Oliveira (PMDB-CE) disse que a situação de Demóstenes permanece como antes: "Ele confirmou todas as informações já publicadas. Acho que a situação dele é complicada".
Ex-aliado de Demóstenes na Casa, o senador Mário Couto (PSDB-PA) se disse decepcionado com as revelações. "Quando assisti à primeira gravação na TV, eu falei: 'Se a gravação for verdadeira, é uma das maiores decepções da minha vida'."
O senador Fernando Collor (PTB-AL) foi um dos mais brandos nas perguntas e aproveitou para questionar a atuação do procurador-geral Roberto Gurgel. Demóstenes concordou com Collor sobre Gurgel ter prevaricado e cometido crime de improbidade administrativa ao sustar a Operação Vegas em 2009.
Collor atuou numa espécie de dobradinha com o depoente, sem mencionar as denúncias contra o parlamentar. Ao deixar a sala do conselho, fez um sinal de positivo para Demóstenes.
(Folha)
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