22 janeiro 2012

Agora ou nunca! Após 'vestibular' e no limite da hora, Bruno Senna chega à Williams

As possibilidades de o negócio sair eram elevadas e, na terça, a Williams anunciou a contratação de Bruno Senna para a temporada que começa dia 18 de março em Melbourne, na Austrália. Havia muitos interesses em comum. Mas, a exemplo de tudo o que cerca a trajetória desse paulistano de 28 anos nas pistas, a definição ocorreu no limite da hora. Era a última vaga minimamente aceitável na F1 e, por isso mesmo, bastante concorrida. "Meu desempenho, este ano, será fundamental para meu futuro", diz Bruno.
Dinastia. Tio Ayrton e Bruno: resistência à 'atividade de risco', acabou vencida - Arquivo Pessoal/Reprodução
Arquivo Pessoal/Reprodução
Dinastia. Tio Ayrton e Bruno: resistência à 'atividade de risco', acabou vencida
Falou-se de tudo a respeito da sua contratação. A saber: o desafio de correr na escuderia que Ayrton definia como "de outro planeta", acelerar um carro construído pela equipe em que o tio morreu e a provável aposentadoria compulsória de Rubens Barrichello. Mas pouco se abordou o fato de a vida profissional de Bruno ser, desde as primeiras tentativas de receber apoio da família para seguir os passos de Ayrton, marcada por imensos desafios.

"Estou sempre atrasado. Comecei a correr com 20 anos, enquanto muitos chegam à Fórmula 1 com essa idade. Nunca fiz uma pré-temporada na Fórmula 1. Na equipe da Hispania me apresentei para a primeira corrida sem um único treino", lembra Bruno. Conta mais: "Na Renault entrei na 12.ª etapa, tive de descobrir tudo ali, na hora". Os testes particulares são proibidos na F1.
Como seu estágio de preparação estava sempre abaixo do estágio dos adversários, Frank Williams e seu sócio, Adam Parr, submeteram Bruno a um vestibular, algo inédito na categoria, ao menos nesse nível. "Fiz testes de conhecimento técnico, trabalhos no simulador, além de avaliação física. Eles me levaram até para a pista, com um professor de pilotagem muito conceituado, Rob Wilson, para me analisar melhor." Só depois de confrontar os dados do processo seletivo Williams e Parr aceitaram Bruno como piloto.
Teve importância capital na escolha o pacote financeiro de que Bruno dispõe: o grupo OGX, de Eike Batista, a Embratel e a Gillette, que, estima-se, contribuirão com R$ 20 milhões ( 8 milhões) para o suposto orçamento de R$ 200 milhões ( 80 milhões), cerca de um terço dos recursos dos concorrentes, o que projeta uma temporada de dificuldades para a Williams, embora menores que as de 2011, a pior de sua trajetória na F1.
A contratação de Bruno pela equipe inglesa está carregada de fortes emoções históricas. A perícia do acidente que matou Ayrton revelou "negligência" dos engenheiros da escuderia na modificação da coluna de direção, cujo rompimento tornou o carro inguiável, lançando-o contra o muro da Tamburello. Bruno revelou não haver nenhum ressentimento dos Sennas com relação ao caso.
De qualquer forma, existe a natural apreensão da família por ter outro membro numa atividade de risco. No início, os avós maternos de Bruno, Milton e Neyde, lidaram mal com a ideia. Mas a história mudou. Eles hoje assistem às corridas na TV e comentam os lances com o neto depois. Viviane, como psicóloga, busca maneiras de entender e apoiar o filho. "Se meu pai não tivesse deixado o Ayrton correr, ele talvez estivesse vivo hoje, mas não sei de que forma estaria vivo." É o que não deseja a Bruno, vê-lo frustrado no seu desejo de ser piloto de sucesso na Fórmula 1. Como o próprio Bruno deixou no ar: "É agora ou nunca".
(Fonte: estadão)
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